domingo, 22 de fevereiro de 2009

sábado, 18 de outubro de 2008

Os pecados são todos meus...

"Se houve ou se não houve alguma coisa entre eles dois . Ninguém soube até hoje explicar,
o que há de verdade é que depois, muito depois, apareceu a estrela do mar. .."
Quando eu era criança essa música que tinha sido gravada por Dalva de Oliveira, uma marcha-rancho dessas que não se toca mais no carnaval, incrivelmente mexia comigo. Talvez eu não entendesse muito de amores velados e ouvisse tão às cegas como se ler uma poesia difícil. Pois bem...assim como as paixões e as palavras eu me enternecia e acho que a vida tem que ser assim.
Mais ternura, mais desejo e um pouco menos de razão servem para compreender e estabelecer paixões. É eu também acho que ser entendida e despertar admiração é bem menos que não ser entendida e desperar o amor...Eu prefiro o amor seja ele de qualquer forma.

Antropofagia
(Cérebro Eletrônico)

Meu livro mais vendido foi tu
Minha música mais tocada foi você
Meu filme mais falado foi nosso amor
Regado a confete e serpentina
Em plena quarta-feira de cinzas
Transformado em palavras, imagens e sons (e amor)


terça-feira, 1 de julho de 2008

...

Ela não sabia se seguia em frente ou atendia ao telefone

Era domingo, carnaval

Dificil decidir assim tão rápido

Decidiu ficar parada

Rejeitou as chamadas

Fechou a porta

Não sabe como seria

Aliás, nunca saberá...

Ninguém saberá se ela sofreu

Se gostou

Ninguém saberá, nem ela

Nem ninguém

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

2 Perdidos

Composição: Arnaldo Antunes / Dadi

Quando eu quis você
Você não me quis
Quando eu fui feliz
Você foi ruim
Quando foi afim
Não soube se dar
Eu estava lá mas você não viu
Tá fazendo frio nesse lugar
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo em mim
Se eu já me perdi
Quando perdi você
Quando eu quis você
Você desprezou
Quando se acabou
Quis voltar atrás
Quando eu fui falar
Minha voz falhou
Tudo se apagou você não me viu
Tá fazendo frio nesse lugar
Onde eu já não caibo mais
Onde eu já não caibo em mim
Mas se eu já me perdi
Como vou me perder
Se eu já me perdi
Quando perdi você
Mas se eu já te perdi
Como vou me perder

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tentando Entender Os Cabras ( Mundo Livre S/A)

Para cada sem-vergonha existe uma santinha

Para cada turbinado existe uma putinha

Toda gata deveria virar freira ou senão usar corrente, coleira.

Se divertem nos torturando e nos fazendo pensar besteira

Deve ser algo nas cadeiras dos barbeiros

Ou quem sabe naquelas oficinas

Deve ser algo no carro

Para cada sem-vergonha existe uma santinha

Para cada dominado existe uma putinha

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Ele disse que tinham uma história
Ela insistiu que era um haicai
Na confusão, o tempo passou
E foi um ponto final.

sábado, 8 de setembro de 2007

Corridinho

O amor quer abraçar e não pode.

A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.


Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Siciliano - 1991, São Paulo, pág. 181.