O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Siciliano - 1991, São Paulo, pág. 181.
sábado, 8 de setembro de 2007
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Um comentário:
OI, MEU ANJO. PARABÉNS POR MAIS ESSE BLOG. GOSTEI DO POEMA. TODAVIA, GOSTARIA MUITÍSSIMO DE VER UMA PRODUÇÃO POÉTICA DE SUA LAVRA. É POSSÍVEL?
UM ABRAÇO, MEU ANJO.
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